O Club de Regatas Vasco da Gama formalizou um empréstimo de R$ 80 milhões com a Crefisa, em operação realizada no Rio de Janeiro, no dia 3 de outubro de 2025. O recurso, na modalidade DIP (Debtor-in-Possession), visa equilibrar o fluxo de caixa do clube e da SAF durante o processo de recuperação judicial iniciado em fevereiro de 2025. A transação, que aguarda aprovação da 4ª Vara Empresarial, destina-se a cobrir salários, obrigações fiscais e pagamentos a fornecedores. O acordo inclui 20% das ações da SAF como garantia, com condições que protegem a credora em caso de inadimplência.
O financiamento foi negociado após concorrência com mais de 60 instituições financeiras. A Crefisa apresentou a melhor proposta, com juros de CDI mais 7% ao ano, carência de 12 meses e quitação em até 36 meses. O presidente Pedrinho destacou a importância do recurso para manter as operações do clube.
- Pagamento de salários de jogadores e comissão técnica.
- Quitação de fornecedores estratégicos para treinos.
- Cumprimento de obrigações trabalhistas e fiscais.
- Apoio a iniciativas culturais vinculadas ao clube.
Condições do financiamento
O empréstimo estabelece prazos claros para evitar complicações na recuperação judicial. A carência de 12 meses permite reorganização financeira sem pressão imediata.
Parcelas mensais, após o período inicial, cobrem principal e juros. O contrato foi anexado à petição judicial para garantir transparência.
Seleção da credora
A escolha da Crefisa envolveu análise de mais de 60 bancos desde o início da recuperação. Cinco propostas finais foram avaliadas, com a instituição destacando-se por taxas competitivas.
O relacionamento com José Roberto Lamacchia, dono da Crefisa, facilitou as negociações. A agilidade na liberação dos recursos foi fator decisivo.
Garantias oferecidas
A Crefisa recebeu 20% das ações da SAF como garantia real do empréstimo. Em caso de inadimplência, a instituição pode consolidar posse dessas cotas.
O acordo veta alterações no controle societário da SAF até junho de 2026 sem aprovação da credora. Essa cláusula protege o financiamento durante a reestruturação.
Administradores judiciais monitoram o cumprimento do contrato. A avaliação das ações da SAF, estimada em R$ 1 bilhão, supera o valor do empréstimo.
Leila Pereira, empresária brasileira à frente da financeira Crefisa desde 2008, transformou a instituição em um dos principais patrocinadores do futebol nacional ao firmar parceria com a Sociedade Esportiva Palmeiras em 2015, injetando mais de R$ 400 milhões em quatro anos e contribuindo para conquistas como duas Copas Libertadores e três Campeonatos Brasileiros. Eleita em 2021 como a primeira mulher presidente do clube alviverde, com 88% dos votos, ela foi reeleita em novembro de 2024 para o triênio 2025-2027, superando o opositor Savério Orlandi por 2.295 a 858 votos, e tem impulsionado investimentos em infraestrutura, como reformas na Academia de Futebol e no futebol feminino, que conquistou a Libertadores de 2022.
Sua fortuna, estimada em R$ 8,8 bilhões, reflete o sucesso da Crefisa e da Faculdade das Américas (FAM), enquanto sua gestão no Palmeiras inclui polêmicas recentes, como a sugestão de uma liga brasileira sem o Flamengo em meio a disputas judiciais por direitos de TV.
Destinação dos recursos
O montante será usado integralmente para despesas operacionais. Salários de atletas e staff consomem a maior parte, enquanto fornecedores essenciais recebem quitação imediata.
Obrigações fiscais e trabalhistas serão regularizadas para evitar novas pendências. Projetos culturais ligados à associação civil também terão suporte financeiro.
A gestão monitora mensalmente a aplicação dos recursos. O plano de recuperação prevê equilíbrio financeiro a partir de outubro de 2025.
Estrutura societária
A garantia de 20% das ações da SAF expõe o clube a possíveis mudanças de controle. Em caso de default, a Crefisa torna-se acionista minoritária, sem negociações prévias para aquisição total.
O veto a novos investidores até 2026 limita opções de captação. A assembleia de credores, marcada para esta semana, avalia o plano geral de pagamentos.
Linha do tempo do processo
A recuperação judicial do Vasco, iniciada em fevereiro de 2025, unifica dívidas do clube e da SAF, totalizando R$ 1,4 bilhão. O empréstimo é um passo para estabilizar as finanças.
- Fevereiro de 2025: Início da recuperação judicial do Vasco.
- Junho de 2024: Planejamento inicial da reestruturação financeira.
- Setembro de 2024: Restrições de liquidez ameaçam compromissos.
- Outubro de 2025: Formalização do empréstimo com a Crefisa.
- Outubro de 2025: Petição judicial para aprovação do financiamento.





