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- 7 de novembro de 2024
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Crítica: ‘Megalópolis’ (2024) de Francis Ford Coppola
Crítica: ‘Megalópolis’ (2024) de Francis Ford Coppola Longa-metragem é estrelado por Adam Driver e Giancarlo Esposito Publicado em: 07/11/2024 16:40…
Crítica: ‘Megalópolis’ (2024) de Francis Ford Coppola
Longa-metragem é estrelado por Adam Driver e Giancarlo Esposito
(Foto: Divulgação)
Francis Ford Coppola é inegavelmente um dos gênios do cinema. Ele dirigiu “O Poderoso Chefão 1 e 2”, e só por isso já merece ser lembrado eternamente. São dois longas que moldaram o cinema, e continuam influentes, e sendo estudados, até hoje. Fora eles, Coppola dirigiu outros filmes ótimos como “Apocalipse Now”, sua versão mais romântica e sensual de “Drácula de Bram Stoker”, “A Conversação”, “Tucker” e por aí vai.
Coppola sempre enfrentou problemas com estúdios e seus orçamentos. E fora a trilogia “O Poderoso Chefão”, seus filmes nunca alcançaram grandes bilheterias que justificasse investimentos acima dos $100 milhões – ou por aí. Nas últimas décadas, ele lançou alguns projetos pequenos, autorais e indepedentes, mas nenhum fez muito alarde. “Megalópolis” é o seu projeto do coração, e Coppola vem trabalhando no roteiro há mais de quarenta anos. E claro, de lá pra cá o mundo mudou, e consequentemente, o roteiro do filme foi influenciado por diversos fatores. E precisamos lembrar que Coppola hipotecou uma de suas vinículas para bancar o projeto por conta própria. Divulga-se que o orçamento de “Megalópolis” beira os $120 milhões – tirados do próprio bolso do diretor.
“Megalópolis” é um filme que se inspira na ascenção e queda do Império Romano para criar um paralelo com os Estados Unidos atual e mostrar uma nação dividida cuja briga entre poderosos reflete negativamente em quem está lá embaixo na “cadeia social”. E claro, confitos climáticos, sociais e de infra-estrutura são parte do que compõem a discussão do longa.
Ainda que eu admire a determinação de Coppola em usar o próprio dinheiro para financiar um sonho, e realizar um filme tal qual ele desejou, não significa que o resultado seja bom. Todo gênio erra, e aqui temos um diretor perdido em suas intenções e que deseja ser intelectual demais para uma trama, essencialmente, simples – que se bem escrita e desenvolvida renderia uma excelente análise social. Mas ao fim, “Megalópolis” é um filme que quer falar sobre muito coisa, e floreia demais as suas ideias, mas no final, acaba não desenvolvendo nada direito.
O roteiro joga várias situações sem explicação e contexto para o público, e nem mesmo visualmente o filme consegue deixar claro para a plateia suas intenções – além de ter um visual feio e nada chamativo. Uma trama que deveria ser um jogo político em uma sociedade desigual, e cujos poderosos só pensam em si, é marcada por devaneios e representações visuais confusas e cansativas de acompanhar. A narrativa é arrastada, desconexa, sem nuances ou desenvolvimento coeso de personagens. E por falar em personagens, o elenco é uma mescla de atuações caricatas com outras sérias, e mesmo repleto de atores incríveis, todos são prejudicados pelo péssimo texto.
Geralmente quando gostamos de um diretor muita coisa relevamos e acabamos abraçando em seus respectivos trabalhos. No entanto, é difícil salvar algo em “Megalópolis”. Como mencionei antes: é admirável a persistência e o trabalho árduo de Coppola, mas o resultado é um filme de 2h18 minutos que parecem intermináveis. Infelizmente, é um dos piores filmes deste ano.
Megalopolis/EUA – 2024
Dirigido por: Francis Ford Coppola
Com: Adam Driver, Giancarlo Esposito, Nathalie Emmanuel, Aubrey Plaza…