- Entretenimento
- 8 de novembro de 2024
- No Comment
- 11
- 7 minutes read
Crítica: 007 – Sem Tempo Para Morrer (2021) – Especial James Bond
Obs: O texto a seguir contém spoilers do filme. Eu preciso falar spoilers para comentar sobre este “007 – Sem…
Obs: O texto a seguir contém spoilers do filme.
Eu preciso falar spoilers para comentar sobre este “007 – Sem Tempo Para Morrer”, porque a despedida de Daniel Craig como James Bond merece um aprofundamento maior, e não somente um texto superficial sobre se vale a pena, ou não, assistir ao filme. Após surpreender o mundo com uma estreia memorável no excepcional “Cassino Royale” em 2006, Craig chega ao seu quinto filme como 007 e um saldo positivo. “Quantum of Solace” é fraco mas possui alguns bons momentos, enquanto “Operação Skyfall” rivaliza com Royale como um dos melhores longas já feitos do personagem. Já “Spectre” abraça alguamas das fantasias mais galhofas da franquia Bond, mas o faz com sobriedade e o resultado é parcialmente competente. E agora chegamos em “Sem Tempo Para Morrer”, que encerra o legado de Craig no icônico personagem em um desfecho agridoce carregado de coração e sentimentos.
Uma das coisas mais legais da Era Craig como James Bond é a continuidade presente em seus filmes. Cada um possui uma história, vilão e resoluções independentes, mas todos colaboram para uma narrativa maior do personagem. Assistir “Sem Tempo Para Morrer” sem conhecer os filmes anteriores não prejudica o entendimento da trama, mas diminui bastante a conexão emocional que é essencial para a eficácia deste último longa. Assim como “Vingadores: Ultimato” só ganha força por causa dos dez anos de construção do MCU, “Sem Tempo Para Morrer” só alcança sua maior nota para quem acompanha Craig desde o início da jornada.
Desde o começo da longa campanha de marketing (estendida por causa dos adiamentos devido a pandemia), já desconfiava que eles iriam matar James Bond. Craig já bateu o martelo alegando que este é o seu último filme como o personagem, o título sugestivo e a música tema depressiva criada por Billie Eilish já estavam causando uma sensação esquisita em mim. E nos primeiros momentos de filme, antes dos créditos de abertura, Bond já é colocado para fazer as pazes com o seu passado, e ao longo da narrativa o filme é carregado por um clima de despedida. Quando a história começa a matar personagens relevantes e colocar o herói como um homem de família, pode ter certeza de que a perda é eminente. Se antes sempre era Bond quem perdia as pessoas que amava, agora, sendo o último filme de Craig no papel, nada mais oportuno do que encerrar o legado do ator em luto (e não me lembro de outro filme de James Bond em que o personagem, de fato, morre no final).
Como é comum na maioria dos filmes da Era Craig, o começo de “Sem Tempo Para Morrer” é instigante e totalmente extasiante. Depois o ritmo cai e temos uma grande barrigada no meio, que só não soa totalmente descartável pois claramente o enredo está colocando as peças no lugar para o desfecho apoteótico. E, sim, o desfecho de “Sem Tempo Para Morrer” é apoteótico, memorável e emocionante. O final é repleto de ótimas cenas de ação, todas carregadas com urgência e ritmo, e todas colaborando para uma crescente emoção que culmina na despedida do personagem. Haja coração e lágrimas!
O vilão interpretado por Rami Malek (ganhador do Oscar por “Bohemian Rhapsody”) segue a cartilha caricata comum aos filmes de James Bond. Se em “Spectre”, o Blofeld de Christoph Waltz já resgatava aquele estilo de vilão metódico, cheio de fala mansa mas carregado de maldade, aqui Malek eleva a dose e entrega um personagem que serve bem ao propósito do enredo, e combina com o estilo robótico de atuar do ator. Desde o nome estranho, a base de operações escondida e de arquitetura exagerada até os planos de destruição mundial com tecnologia de nano robôs, Malek pode até soar um vilão forçado demais para um filme mais intimista, mas não prejudica o resultado emocional.
Ao fim de tudo, “007 – Sem Tempo Para Morrer” não é tão divertido, empolgante ou espetacular como “Cassino Royale” e “Operação Skyfall”, mas é, sem dúvidas, o mais emocionante de todos eles. O filme encerra em alta nota a trajetória daquele que é, para mim, o melhor ator como James Bond até hoje. Como já disse em outras ocasiões, nunca fui fã do personagem, mas Daniel Craig me surpreendeu e me ganhou por completo há 15 anos atrás. Começar esta jornada e agora encerrá-la – também no cinema – é uma dessas experiências que nunca mais serão esquecidas. Só desejo sorte ao próximo ator que irá recomeçar a franquia! Vai precisar!
No Time To Die/EUA, REINO UNIDO – 2021
Dirigido: Cary Joji Fukunaga
Com: Daniel Craig, Léa Seydoux, Rami Malek, Ralph Fiennes, Lashana Lynch, Ana de Armas, Jeffrey Wright…
Sinopse: Em 007 – Sem Tempo Para Morrer, depois de sair do serviço ativo da MI6, James Bond (Daniel Craig) vive tranquilamente na Jamaica, mas como nem tudo dura pouco, a vida do espião 007 é agitada mais uma vez. Felix Leiter (Jeffrey Wright) é um velho amigo da CIA que procura o inglês para um pequeno favor de ajudá-lo em uma missão secreta. O que era pra ser apenas uma missão de resgate de um grupo de cientistas acaba sendo mais traiçoeira do que o esperado, levando o agente inglês 007 ao misterioso vilão, Safin (Rami Malek), que utiliza de novas armas de tecnologia avançada e extremamente perigosa.