- Interior
- 5 de março de 2025
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Família de dono de bar morto em Bela Vista contesta versão contada por suspeito do crime
A família de José Carlos Pereira Sampaio (57 anos), que era dono de um bar em Bela Vista e que…
A família de José Carlos Pereira Sampaio (57 anos), que era dono de um bar em Bela Vista e que foi morto na noite da última segunda-feira (3), demonstrou indignação com a versão apresentada pelo suspeito de cometer o assassinato, o produtor de soja Carlos Vieira Teles (47 anos). Segundo a filha de Carlos, o homicídio foi para vingar um suposto crime sexual praticado contra a então namorada do agropecuarista, em 1996.
“A versão apresentada é um absurdo e uma afronta à família e a todos que conheciam o José Carlos. Ele não pode se defender, mas todos na cidade sabiam que a mulher do assassino tinha interesse no José Carlos e insistia em se relacionar com ele, o que realmente aconteceu na época, porém sempre com o consentimento dela, jamais ele forçaria qualquer coisa”, disse a família, em nota publicada pelo jornalista Oloares Ferreira.
“Após a execução, na fuga, o assassino perdeu o celular, sendo encontrado pela polícia próximo ao local onde ele havia estacionado. E, naquela mesma noite, ele havia mandado mensagem para a mulher falando que ia matar o José Carlos, o que tudo indica que o crime foi premeditado”, continua a nota.
“A polícia vai esclarecer toda essa mentira que foi inventada para livrar o assassino de pagar por esse crime horrendo e cruel que acabou com nossa família”, completa a família do dono de bar.
A versão da defesa
A versão da vingança veio a público pela filha do agropecuarista, que disse: “Aos 14 anos, em agosto de 1996, minha mãe foi estuprada por José Carlos (Zezin). Na época, ela já namorava meu pai, que tinha 17 anos. Além de ter cometido o crime, o José Carlos espalhou para todo mundo da comunidade de Roselândia sobre o caso como se fosse algo consensual, causando muita humilhação para minha mãe e para meu pai, que era seu namorado”, detalha em trecho do texto.
E continuou: “A suposta vítima, inclusive, teria ficado grávida. Mas eles não tinham condições de fazer o teste de DNA, à época. “No último sábado, após um longo dia de trabalho, meu pai chegou em casa, estava muito ansioso, tomou remédio para dormir, tomou cinco latas de cerveja, mas nada tirava a aflição dele. Ele pegou a arma, registrada em seu nome, e saiu de casa pedindo desculpa à minha mãe. Ela ainda falou para ele não fazer nenhuma besteira. No dia seguinte, a polícia bateu na porta da minha mãe.”
Crime
O crime aconteceu no sábado (1º), no distrito de Roselândia, em Bela Vista de Goiás. Conforme a Polícia Militar (PM) de Goiás, o suspeito teria parado a camionete branca em uma rua próxima e caminhou a pé até o Bar Não Tem Dia, em frente a praça do Distrito de Roselândia.
Por volta das 22h de sábado, ele, que estava de óculos, teria entrado no bar e disparado contra a vítima, o dono do estabelecimento. Do lado de fora, ele ainda teria efetuado mais dois disparos para cima antes de fugir. O Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBMGO) esteve no local, mas José Carlos já estava morto.
Conforme as autoridades, foi usada uma pistola 9 mm para praticar o crime. Uma câmera de um estabelecimento próximo ao bar filmou um veículo que seria a caminhonete em fuga.
Carlos da Soja, como é conhecido, não foi preso, pois se apresentou após o período de flagrante. Ao Mais Goiás, o advogado Reginaldo Ferreira Adorno Filho disse que o cliente foi à delegacia espontaneamente e deu suas declarações, estando à disposição da autoridade policial e judiciária para elucidação dos fatos.
Texto da filha de Carlos Teles Vieira
“Temos ciência de que o que ele fez não foi, nem de longe, certo e muito menos adequado, e ele está disposto a responder e pagar por tudo que fez diante da Justiça. Mas, ele não estava conseguindo conviver com esse peso que o assombrou por tantos anos.
Aos 14 anos, em agosto de 1996, minha mãe foi estuprada por José Carlos (Zezin). Na época, ela já namorava meu pai, que tinha 17 anos. Além de ter cometido o crime, José Carlos espalhou para todo mundo da comunidade de Roselândia sobre o caso como se fosse algo consensual, causando muita humilhação para minha mãe e para meu pai, que era seu namorado. Devido a isto, e ao fato de que provavelmente não aconteceria nada caso denunciassem, porque para todo mundo tinha sido algo consensual, meu pai e mãe se mudaram para o município de Orizona, para se afastar o máximo do estuprador, e da comunidade… e tentar superar e esquecer o ocorrido.
Contudo, isso não foi possível, considerando que, bem na época, minha mãe engravidou do meu irmão, o que por muito tempo assombrou meu pai e minha mãe. Na época, eles nem tinham condições de fazer teste de DNA, que foi feito após alguns anos.
No último sábado, após um longo dia de trabalho, meu pai chegou em casa, estava muito ansioso, tomou remédio para dormir, tomou cinco latas de cerveja, mas nada tirava a aflição dele. Ele pegou a arma, registrada em seu nome, e saiu de casa pedindo desculpa à minha mãe. Ela ainda falou para ele não fazer nenhuma besteira. No dia seguinte, a polícia bateu na porta da minha mãe.”
Nota da defesa de Carlos, na segunda-feira (4)
“Diante dos fatos ocorridos no sábado, dia 01/03/2025, no distrito de Roselândia-GO, a Defesa do investigado Carlos Teles Vieira se resguarda ao direito de se manifestar após a conclusão das investigações.
Nesse momento, informa que quaisquer manifestações ou conclusões serão feitas de forma precipitada e poderão atrapalhar o bom andamento das investigações.
Até o momento, o que se pode dizer é que, ao tomar ciência da ocorrência, o investigado se apresentou espontaneamente, e deu suas declarações, estando à disposição da autoridade policial e judiciária para elucidação dos fatos.
Sobre as motivações, estas já foram explicadas em seu depoimento, reservando-se o investigado no direito de apresentá-las novamente somente a autoridade policial e judiciária.
Por fim, o investigado e sua defesa, declaram que confiam na justiça e no devido processo legal.“