- Interior
- 14 de março de 2025
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Especialistas reconhecem impacto de animais na saúde mental das pessoas
No Dia Nacional dos Animais, celebrado nesta sexta-feira (14), especialistas, familiares e pacientes se unem para reconhecer o impacto transformador…
No Dia Nacional dos Animais, celebrado nesta sexta-feira (14), especialistas, familiares e pacientes se unem para reconhecer o impacto transformador dos pets, destacando seu papel essencial na saúde mental e em terapias. Mais do que simples companheiros leais, os animais têm se mostrado agentes de cura, desempenhando um papel importante no desenvolvimento físico, emocional e social de pessoas comuns e com necessidades especiais. Eles são fundamentais no tratamento terapêutico, promovendo melhorias significativas no bem-estar geral dos pacientes.
O Mais Goiás conversou com especialistas sobre a convivência com animais de estimação, que, além de proporcionarem afeto e companhia, são essenciais no auxílio ao equilíbrio emocional de indivíduos, contribuindo para a saúde mental de forma ampla.
O poder dos pets na saúde mental
A psicóloga Soraya Oliveira destaca o impacto profundo que a convivência com animais de estimação tem no bem-estar emocional e psicológico dos indivíduos. Ela explica que, além da afeição e companhia, o vínculo com os animais promove uma sensação de empatia, trazendo benefícios diretos para a saúde mental. Soraya também comenta sobre a resistência de algumas famílias na adoção de cachorrinhos ou gatinhos e como o profissional de saúde deve abordar essa necessidade, sempre lembrando que o animal é um ser vivo que merece respeito e cuidados adequados.
“Essa abordagem precisa ser feita por um profissional da saúde, que acompanha o paciente, seja criança, adolescente, adulto ou idoso. O psicólogo pode explicar a necessidade de ter um pet e como isso pode aliviar sintomas de solidão ou até ajudar no tratamento de transtornos mentais. O simples contato físico com o animal gera uma empatia imediata que promove bem-estar.” Explicou a especialista.
Soraya ressalta que o impacto positivo dos animais vai além do que se imagina, como aliviar sintomas de estresse, ansiedade, e até depressão. Ela também comenta sobre o vínculo de reciprocidade entre o tutor e o pet, destacando que essa relação é essencial para a melhora emocional do paciente. “Quando o paciente toca no animal, ele sente uma sensação de afeto. O animal, por sua vez, responde a esse carinho e isso cria uma troca de sentimentos que melhora a saúde mental. Esse vínculo ajuda o paciente a se sentir menos isolado, mais conectado consigo mesmo e com os outros.”
Ela ainda frisa que os animais, como cães e gatos, podem atuar como ferramentas de promoção da saúde mental, especialmente em momentos de crise emocional ou solidão. Em seu trabalho, Soraya observa que o simples ato de cuidar de um animal pode despertar uma sensação de propósito no paciente, auxiliando em terapias para a depressão e até transtornos mais graves, como a ansiedade social.
“Além de melhorar a condição emocional, o pet pode ajudar a melhorar a vida social. Muitas vezes, os pacientes com transtornos emocionais têm dificuldades em interagir com outras pessoas, mas o animal facilita essa interação, ajudando a quebrar barreiras e promovendo uma maior integração social.” explica a psicóloga.
Além dos benefícios da convivência com os animais, ela ressalta que é fundamental compreender que os pets também adoecem, envelhecem e podem morrer. Por isso, é importante preparar o paciente para o luto, mostrando que essa experiência faz parte da vida. Embora a perda não possa ser substituída, o amor pelo pet permanece e pode se expandir por meio da adoção responsável de outro animal que espera por um lar e pelo carinho que o paciente tem a oferecer.
Equoterapia não é apenas uma atividade física, mas emocional
Santiliane Fernandes, coordenadora da Equoterapia Um Salto para a Liberdade, em Itapuranga, fala sobre o impacto emocional da equoterapia no tratamento de pessoas com necessidades especiais. “Quando começamos o trabalho, acolhemos cavalos que já estavam mais velhos e não podiam mais trabalhar nas roças. Começamos a adaptar os animais para trabalhar com praticantes, desde crianças até adultos. Com o tempo, percebemos que esses cavalos se tornaram verdadeiros instrumentos de cura.”
No Brasil, a equoterapia é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina e pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, sendo regulamentada pela Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-Brasil) e pela Resolução COFFITO nº 348/2008, que a define como um recurso terapêutico para fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.
Atualmente, a instituição atende cerca de 50 famílias com uma equipe multidisciplinar que oferece atendimento gratuito. Há uma lista de espera atualizada a cada seis meses, mas, dependendo da patologia, o encaixe pode ocorrer em menos tempo. Além disso, a instituição mantém um grupo de acolhimento para as famílias, com atendimentos mensais ou quinzenais, conforme a demanda dos cuidadores.
Santiliane explica que a equoterapia vai além do tratamento físico, sendo também um processo de transformação emocional. O vínculo afetivo entre o paciente e o cavalo fortalece a superação de limitações, promovendo avanços tanto no aspecto emocional quanto no físico.
“A equoterapia vai além do tratamento físico. O cavalo tem um papel fundamental na recuperação emocional do paciente. A interação com o animal cria um espaço seguro, onde o paciente se sente acolhido, ouvido e, principalmente, aceito. Isso ajuda muito no processo terapêutico, principalmente para aqueles que têm dificuldades em expressar sentimentos ou emoções.”
Santiliane ainda fala sobre a importância de uma equipe multidisciplinar para avaliar e monitorar cada paciente, garantindo que o tratamento seja seguro e eficaz. “Cada paciente que chega até nós passa por uma avaliação detalhada. Trabalhamos com uma equipe multidisciplinar que acompanha o progresso do paciente, avaliando os benefícios da equoterapia de forma integral, tanto no aspecto físico quanto emocional. Antes de iniciar o tratamento, garantimos que não haja contraindicações médicas, como crises convulsivas, por exemplo.”
“Foi um milagre ver Davi começar a se comunicar”
A mãe de Davi Campos, 10 anos, Sara Jane Barbosa de Campos, compartilha os avanços que a Equoterapia trouxe para seu filho, diagnosticado com a síndrome de Bartter, uma condição rara que afeta os rins e provoca desequilíbrios de eletrólitos. O tratamento visa controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Para Davi, a equoterapia foi essencial no desenvolvimento físico e na melhora da comunicação e socialização.
“Quando Davi começou a equoterapia aos 3 anos, já visualizamos melhora nos primeiros sete meses de tratamento, ele já começou a fazer coisas que não conseguia antes, como sentar sozinho e levantar o pescoço. Para nós, isso foi algo milagroso.” Ela também observa como o tratamento ajudou Davi a se tornar mais comunicativo e melhorou sua interação social, mesmo sem andar.
“Davi se tornou mais comunicativo e alegre. Hoje, ele consegue dizer ‘mamãe’, ‘papai’, o que antes achávamos impossível.” Sara Jane ainda destaca a importância do apoio psicológico durante o processo.”A equoterapia não é só para a criança, mas também para a família. A psicóloga nos deu o apoio necessário para entendermos melhor o Davi e aprender a lidar com ele.”