Crítica: O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel (2001) – Especial

O ano de 2001 foi um divisor de águas para o gênero de fantasia no cinema. Foi neste ano que…

O ano de 2001 foi um divisor de águas para o gênero de fantasia no cinema. Foi neste ano que tivemos o lançamento de duas franquias que moldaram o futuro da narrativa fantástica na cultura pop, e lançaram tendências que influenciam o cinemão até hoje – e provavelmente o farão para sempre. Um deles foi “Harry Potter e a Pedra Filosofal” (que dispensa apresentações) e o outro foi “O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel”, que era considerado por muitos como um projeto inadaptável e muito difícil de ter êxito. Bem, o milagre aconteceu! 

“O Senhor dos Anéis”, antes de tudo, é um projeto fora da curva e um exemplo de quando as estrelas se alinham e tudo se converge para algo mágico e revolucionário. Os livros de J. R. R. Tolkien já eram considerados obras-primas da fantasia literária, e um modelo de construção tanto de mundo quanto de narrativa. Houve várias tentativas de levar o projeto para o cinema no antigo século, inclusive uma adaptação estrelada pelos Beatles (!!!). Mas eis que ao final da década de 90 surge um diretor de filmes de terror independentes, sem experiência com grandes projetos, mas apaixonado pelo material original, que assume a tarefa de adaptar cada um dos três livros de “O Senhor dos Anéis” em três filmes para a tela grande. Peter Jackson encara o desafio como um momento decisivo da carreira, uma aposta que irá definir o futuro de sua vida profissional no meio artístico. Para polpar custos, a Warner Bros. foi ousada ao aprovar a produção simultânea dos três longas, cujas gravações duraram mais de 400 dias e depois foram lapidados em um cansativo processo de edição, efeitos sonoros, visuais, etc. Foram mais de 150 locações, inúmeras equipes de filmagem e a Nova Zelândia servindo de cenário natural para o background da narrativa. Um projeto caro, extenso e sem certeza de sucesso.

Os livros de Tolkien são detalhistas e minuciosos ao descrever cenários, visuais e situações importantes da história. Jackson tinha em mãos um material extenso, porém, carregado de detalhes e direções que foram essenciais para nortear a construção do roteiro. Um dos méritos da adaptação é que Jackson já tinha se provado em projetos anteriores ser um diretor cinemático, com um olhar emotivo e emocionante da experiência como um todo, portanto, em “A Sociedade do Anel” ele entrega um projeto que extrai toda a essência dos livros, mas que consiste em um projeto cinematográfico, que se preocupa com a imersão do público na experiência, e para isso, se preocupa com cada ferramenta essencial para alcançar tal objetivo. 

“A Sociedade do Anel” é um exemplo perfeito de adaptação. O filme possui suas diferenças com o livro, mas nunca perde o foco narrativo e a importância de seus personagens, em torná-los identificáveis para o público. Em uma jornada de quatro horas (versão estendida) ou doze com os três filmes, tornar estes personagens figuras emocionalmente relacionáveis é primordial para o nosso engajamento na trama. O que dizer de momentos como a primeira vez em que vemos o Condado, ou Rivendell, ou quando Gandalf (Ian McKellen) encara o demônio Balrog dentro da fortaleza destruída de Moria, enfim… Em cada sequência, em cada sequência Jackson tem a preocupação visual de entregar uma experiência cinematográfica memorável. 

O filme não deixa de ter suas cafonices em alguns momentos, e por vezes beira o novelesco, mas isto faz parte do contexto, e nada prejudica a incrível construção de mundo e desenvolvimento de conflitos e personagens. “O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel” é uma obra-prima revolucionária e influente que mudou o jogo para a fantasia no cinema. Revendo a versão estendida de quatro horas disponível no HBO Max, o tempo passa rápido e com uma fluidez que só comprova a eficiente narrativa, e a excelente adaptação desenvolvida por Jackson e sua equipe. É uma viagem fascinante, inesquecível e memorável! Uma experiência cinematográfica única como poucos filmes conseguem proporcionar! 

(Foto: Warner Bros.)

The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring/EUA, NOVA ZELÂNDIA – 2001

Dirigido por: Peter Jackson

Com: Ian McKellen, Viggo Mortensen, Elijah Wood, Cate Blanchett, Sean Astin, Orlando Bloom…

Sinopse: Numa terra fantástica e única, chamada Terra-Média, um hobbit (seres de estatura entre 80 cm e 1,20 m, com pés peludos e bochechas um pouco avermelhadas) recebe de presente de seu tio o Um Anel, um anel mágico e maligno que precisa ser destruído antes que caia nas mãos do mal. Para isso o hobbit Frodo (Elijah Woods) terá um caminho árduo pela frente, onde encontrará perigo, medo e personagens bizarros. Ao seu lado para o cumprimento desta jornada aos poucos ele poderá contar com outros hobbits, um elfo, um anão, dois humanos e um mago, totalizando 9 pessoas que formarão a Sociedade do Anel.

(Foto: Warner Bros.)

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