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- 16 de outubro de 2024
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Crítica: O Senhor dos Anéis – As Duas Torres (2002) – Especial
Cinema Tanto a versão para cinema (3 horas) quanto a versão estendida (4 horas) estão disponíveis no HBO Max Publicado…
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Tanto a versão para cinema (3 horas) quanto a versão estendida (4 horas) estão disponíveis no HBO Max
(Foto: Warner Bros.)
Eu não sei se vocês também sentem isso, mas para mim o final de “A Sociedade do Anel” acontece quando Gandalf é puxado por Balrog e “morre” sendo tragado pela escuridão. Depois desse momento meu coração já não consegue pensar em mais nada, e assim como Frodo e os demais, os olhos ficam carregados de lágrimas. Ali temos a perda de um personagem que nos conquistou de imediato ao chegar com sua carroça cheia de fogos de artifício no Condado – e encarnado magistralmente pelo excelente Ian McKellen. Quando assisti pela primeira vez ao filme, não tinha lido os livros e sua “morte” foi um desses momentos antológicos e, desgraçadamente, angustiantes. Portanto, ao escolher começar o segundo longa-metragem com a continuação de tal cena, Peter Jackson já nos fisga de imediato e parte logo para o que interessa. No livro, tal revelação acontece bem mais pra frente e o começo da trama segue com a morte de Boromir (algo que no cinema é mostrado ao final do primeiro filme). É uma decisão de roteiro magistral, afinal, cinema é diferente de livro e ambos necessitam de contextualizações diferentes para construir a urgência, o suspense e toda a emoção de maneira convincente, e impactante – algo que funciona nas páginas talvez não funciona em vídeo.
“O Senhor dos Anéis: As Duas Torres” também é um filme singelamente distinto de seu antecessor. Mais focado em conflitos familiares e política de reinos, o longa possui, claro, sua fantasia e desenvolvimento da jornada pela destruição do anel, mas ligeiramente expande tramas paralelas ao colocar como centro narrativo o reino de Rohan, com o rei Théoden (Bernard Hill) em uma jornada de salvamento de seu povo, já que suas terras são o próximo alvo de Sauron e seus Orcs. Ao mesmo tempo em que a narrativa também abre espaço para desenvolver as árvores falantes, chamadas de Entz, que recebem a responsabilidade de cuidar dos hobbits sobreviventes Merry (Dominic Monaghan) e Pippin (Billy Boyd), e que juntos, irão protagonizar uma vingança importante contra os domínios de Saruman (Christopher Lee) em Isengard.
Frodo e Sam agora estão longe da Sociedade do Anel e protagonizam sua própria história rumo às terras de Mordor para destruir o Um Anel na Montanha da Perdição. Além das dificuldades do trajeto, Smeagol/Gollum, que era um hobbit mas foi transformado pelo Anel centenas de anos atrás, quer de volta o seu intitulado Precioso, e é um desses personagens que fascina pela imprevisibilidade e interpretação magnânima de Andy Serkis.
Com um clima mais medieval e mais sutil na fantasia, “As Duas Torres” possui uma sequência magistral de ação com o ataque dos Orcs ao povo de Roah no Abismo de Helm. Com a adição dos elfos ao momento (algo distinto dos livros), tal sequência serve como firmamento para a união dos diferentes povos (homens, elfos e anões) contra as forças crescentes de Sauron. Além do talento visual de Jackson em tornar uma sequência anoite em algo visualmente compreensível, como também em demarcar com maestria a geografia dos espaços apresentados. A camêra poderia tremer menos em alguns momentos? Sem dúvida. Mas o contexto e a jornada emocional é tão forte e poderoso, que já estamos imersos e juntos em batalha torcendo pela vitória do povo de Rohan.
E como todo filme do meio, “As Duas Torres” é aquela jornada incompleta que só será concluida no capítulo seguinte. Em comparação com os outros dois longas, em minha opinião, “As Duas Torres” é o menos empolgante e o mais verborrágico da trilogia – o que não desmerece alguns momentos de ação memoráveis, e claro, de ainda ser uma obra magistral. A cafonice de alguns diálogos persiste, principalmente com as personagens mulheres – uma dramaticidade que às vezes beira a artificialidade (Arwen e Éowin quem o diga!). No entanto, o embalagem é tão bonita, e o recheio tão saboroso, que tudo isso são pontualidades que não interferem na qualidade final do produto.
The Lord of the Rings: The Two Towers/EUA, NOVA ZELÂNDIA – 2022
Dirigido por: Peter Jackson
Com: Elijah Wood, Viggo Mortensen, Ian McKellen, Christopher Lee, Sean Astin, Orlando Bloom, Karl Urban, Andy Serkis, John Rhys-Davies…
Sinopse: Após a captura de Merry (Dominic Monaghan) e Pippy (Billy Boyd) pelos orcs, a Sociedade do Anel é dissolvida. Enquanto que Frodo (Elijah Wood) e Sam (Sean Astin) seguem sua jornada rumo à Montanha da Perdição para destruir o Um Anel, Aragorn (Viggo Mortensen), Legolas (Orlando Bloom) e Gimli (John Rhys-Davies) partem para resgatar os hobbits sequestrados.