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  • 12 de dezembro de 2024
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Qual será o valor do salário mínimo em 2025? Impasse atrasa definição

(Folhapress) A incerteza que ronda o avanço dos projetos do pacote fiscal do governo no Congresso gerou um impasse sobre a inclusão…

(Folhapress) A incerteza que ronda o avanço dos projetos do pacote fiscal do governo no Congresso gerou um impasse sobre a inclusão do novo valor do salário mínimo, a vigorar a partir de 2025, no Orçamento.

O PLOA (Projeto de Lei Orçamentária) de 2025 foi enviado ao Legislativo em agosto com uma previsão preliminar do salário mínimo de R$ 1.509. Mas, a depender da votação ou não do projeto do pacote que altera a política de valorização do piso salarial no Brasil, o valor final poderá ter uma diferença de até R$ 10.

Pelo projeto do pacote, que precisa ser votado até o final do ano, o valor do mínimo subiria para R$ 1.518. Já pela regra atual em vigor, o salário mínimo teria que aumentar para R$ 1.528, sem arredondamentos para cima. Hoje, o valor está em R$ 1.412.

O impasse se dá porque o relator do Orçamento, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), precisa abrir espaço fiscal nas despesas para bancar o custo maior do salário mínimo em relação ao valor de R$ 1.509, que foi usado pelo governo como referência na elaboração do PLOA.

“Pela regra atual que eu tenho que cumprir, o salário mínimo deve ir para R$ 1.528. O valor de R$ 1.509 veio como previsão e constou no relatório preliminar. No relatório geral, as despesas obrigatórias vinculadas ao salário mínimo terão que ser revisadas”, disse o relator à Folha. Segundo ele, os R$ 20 a mais teriam impacto de R$ 7 bilhões por ano nas despesas do Orçamento.

O valor do mínimo é um indicador fundamental para elaborar o Orçamento, porque a maior parte das despesas obrigatórias, como aposentadoria, pensões, BPC (Benefício de Prestação Continuada) e outros benefícios, está atrelada ao seu valor.

“Vou botar tudo como está na regra de hoje, não vai ter como apropriar o pacote”, afirmou ele, que reconhece a dificuldades para a votação dos projetos devido aos temas sensíveis das medidas de ajuste fiscal.

Antes de votar o PLOA, o Congresso terá que apreciar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2025 para evitar um apagão orçamentário. Sem a LDO, o governo não poderá pagar as despesas, o que geraria uma quadro de paralisação da máquina administrativa.

A prioridade do Congresso é votar a LDO e o PLOA. Apesar do pouco tempo que falta para o início das férias do Congresso, o relator diz que não foi procurado pelo governo para fazer o ajuste no PLOA às medidas de ajuste fiscal. Como os projetos do pacote não foram votados, o relator não pode considerá-los no seu parecer.

“Não fui procurado sobre esse pacote nem pela Fazenda nem pelo Planejamento”, disse. “Como eu não fui procurado por nenhum desses dois ministérios, eu não tenho que modificar nada simplesmente ao meu bel-prazer”, ressaltou.

Na avaliação do senador baiano, uma das dificuldades do quadro atual é que a mudança na regra de correção do salário mínimo está no mesmo projeto que trata de alterações nas normas de acesso ao BPC, que sofre resistências no Congresso, principalmente de parlamentares da região Nordeste.

“Como [o pacote] ainda encontra-se na Câmara, aqui no Senado ainda não tem nenhum comentário a respeito do pacote, porque não chegou aqui para discussão”, disse.

A proposta do governo para a nova regra do salário mínimo prevê que o ganho real do piso seguirá vinculado ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes, mas vai oscilar entre 0,6% e 2,5% ao ano, conforme a expansão do limite do arcabouço fiscal.

Por outro lado, a lei em vigor estabeleceu que, para a preservação do poder aquisitivo do salário mínimo, os reajustes serão feitos com base na variação do INPC acumulada nos 12 meses encerrados em novembro, mais a variação do PIB de dois anos antes.

O INPC, divulgado nesta terça-feira (10) pelo IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística), ficou em 4,84%. O PIB de dois anos antes foi de 3,2%.

“A minha impressão é que uma vez que o número de R$ 1.528 está na rua —e a partir de agora o número está na rua— politicamente é muito difícil voltar atrás”, avaliou Fábio Giambiagi, pesquisador associado do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas).

Segundo ele, se houver arredondamento para cima, como tem sido praxe, o valor ainda poderá subir para R$ 1.529. “Consulta algum senador, algum deputado para ver se acha viável mudar a posteriori o número já conhecido. Imagina a festa que os bolsonaristas vão fazer, vigorando um novo número que seja R$ 10 ou R$ 11 reais inferior”, previu.

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