LAÇOS DIPLOMÁTICOS
Visita marca retorno de um chefe de Estado italiano depois de 24 anos
Lula, em visita a Itália, ao lado do presidente Sergio Mattarella (Foto: Ricardo Stuckert / Agência Brasil)
O presidente da República da Itália, Sergio Mattarella, desembarca neste domingo no Brasil para uma visita oficial de cinco dias. Este é o primeiro chefe de Estado italiano a visitar o país em 24 anos, marcando o 150º aniversário da imigração italiana no Brasil e fortalecendo o diálogo entre dois importantes fóruns multilaterais: o G20, presidido pelo Brasil, e o G7, liderado pela Itália.
Além das celebrações históricas, a visita abordará temas como o acordo Mercosul-União Europeia, mudanças climáticas, transição energética, combate à fome e à desigualdade, e a proposta brasileira de taxação de super-ricos, carro-chefe da presidência brasileira no G20. A viagem de Mattarella ocorre em reciprocidade à visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Itália em junho, quando o Brasil participou da reunião do G7 como convidado.
Durante sua estadia, Mattarella assinará a renovação do acordo sobre o reconhecimento recíproco de carteiras de habilitação e memorandos de entendimento entre a Universidade de Turim e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O itinerário do presidente italiano inclui visitas a Brasília, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.
A visita de Mattarella reflete um momento de reaproximação entre os dois países, que enfrentaram tensões no passado devido ao processo de extradição do terrorista Cesare Battisti e divergências sobre as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza. Outra área de tensão tem sido o reconhecimento da cidadania italiana para descendentes de imigrantes brasileiros, com denúncias de irregularidades e reclamações de prefeituras italianas sobre o excesso de processos judiciais.
Apesar do papel simbólico do presidente no regime parlamentarista italiano, a visita de Mattarella tem grande importância diplomática. Desde 2022, a Itália é governada por uma coalizão de direita liderada pela primeira-ministra Giorgia Meloni, que não apoia a proposta de taxação dos super-ricos.
