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Haddad diz que mercado tende a dar ‘nota menor’ para governos progressistas: ‘Tem viés’

“Estou falando de como o mercado reage aos mesmos indicadores. Um país que tem o mesmo indicador [desempenho] que o outro. Por que um recebe nota menor e outro maior, se é o mesmo indicador?”, questionou.

“Tem viés. […] Então temos que corrigir isso para que nós tenhamos uma sociedade melhor. E isso vale para tudo. Quando você estigmatiza, sempre é ruim. […] Você tem que se basear no que você tá vendo para combater esse tipo de viés”, acrescentou o ministro.

Haddad ainda citou como exemplo a avaliação feita pelas três principais agências de classificação de risco do mundo, a Moody’s, a S&P e a Fitch Ratings, sobre o Brasil.

Segundo o ministro, as três agências teriam confirmado a ele que, pelas métricas utilizadas por seus modelos de classificação de risco, o Brasil teria grau de investimento. “Mas eles diminuem a nota brasileira em função de percepções subjetivas”.

“Tinha um ‘diz-que-me-diz’ no mercado mesmo, e eu estava incomodado porque eu não estava vendo aderência aos indicadores brasileiros”, afirmou o ministro.

Já em relação à má avaliação da economia feita pela população, Haddad afirmou que há uma grande desinformação e um trabalho ativo de defensores da oposição para “minar a credibilidade” dos dados econômicos.

“O que eu vejo nas redes é muito sério porque não bate com a realidade. […] Então tem aí um desafio comunicacional que não é fácil de superar. […] Temos uma oposição hoje que realmente atua para minar a credibilidade das instituições e do Estado brasileiro, e eles atuam diuturnamente nas redes sociais”, acrescentou o ministro.

De acordo com a pesquisa, para aqueles que ganham entre 2 e 5 salários mínimos, 39% acreditam que a economia piorou nos últimos 12 meses. Entre os que ganham acima de cinco salários mínimos, esse percentual sobe para 44%.

Herança fiscal

O ministro da Fazenda ainda reiterou a necessidade de ajustar o quadro fiscal do país, afirmando que ainda há “muita conta para pagar” deixada pelo governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL).

“O Brasil, do ponto de vista fiscal, viveu duas pandemias. A pandemia propriamente dita e a eleição de 2022, que teve calote, passaram a mão no dinheiro dos governadores, abriram cofres para distribuir benefício … é uma confusão fiscal que nós vamos ter trabalho para pôr em ordem”, afirmou o ministro.

Haddad citou a renegociação que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisou fazer no ano passado para pagar aproximadamente R$ 27 bilhões aos estados, em função da perda de arrecadação com o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) de combustíveis.

“[O governo anterior] baixou artificialmente a inflação em 2022, baixando o preço da gasolina com o dinheiro dos estados. […] Fora o calote dos precatórios, que é outra conta. São muitas contas que estão sendo pagas”, acrescentou.

O ministro da Fazenda ainda disse que o governo precisa se acertar com o Senado para concluírem a repactuação da dívida dos estados.

“O presidente [do Senado] Pacheco apresentou um texto diferente do [texto] apresentado pela Fazenda, com parâmetros que efetivamente destoam daquilo que nós imaginávamos. […] Nós combinamos de tentar junto ao relator para ajustar o texto”, afirmou Haddad.

“Precisamos fazer um jogo que acomode as contas estaduais sem prejudicar as contas nacionais. Esse é o meu ponto de vista. E o meu entendimento é que o projeto apresentado precisa passar por uma revisão”, completou.

Por fim, o ministro ainda afirmou que expansão fiscal não é algo positivo para o Brasil neste momento e reiterou que a intenção do presidente Lula de cortar gastos se necessário.

Reforma tributária

Haddad ainda afirmou estar confiante na aprovação da reforma tributária e que a Fazenda enviou, em seu texto, o que era “tecnicamente mais responsável”.

“Em todos os discursos que eu fiz, eu disse que toda exceção acaba prejudicando de alguma maneira a reforma tributária, porque a alíquota padrão vai subindo”, disse o ministro.

Para ele, existem três estratégias que podem diminuir a alíquota padrão na reforma tributária, atualmente projetada em 26,5%.

“A primeira é não ter exceção nenhuma. Nesse caso, a alíquota padrão seria 21%. A segunda é combater a sonegação, digitalizando o sistema, tornando mais transparente e fazendo um IVA [Imposto sobre Valor Agregado] não cumulativo. […] E a terceira é aumentar o imposto sobre a renda, que é uma coisa que está na mão do Congresso para fazer nos próximos dois anos”, disse.

Sobre o debate envolvendo a lista de alimentos que devem compor a cesta básica desonerada na reforma tributária, Haddad afirmou que o ministro da Fazenda sempre é “derrotado ou parcialmente derrotado”.

“A gente tenta fazer o mais justo possível, mas aqui, a camada que se sente injustiçada no Brasil são os mais ricos”, disse o ministro.

“Os pobrezinhos estão lá, com seu fundinho fora do país em paraíso fiscal, e vem o ministro da Fazenda querer cobrar imposto de renda?!” questionou, com ironia.

“Ou a gente enfrenta esse país de uma vez por todas ou vamos ver injustiça na rua o dia inteiro. Queremos corrigir essas distorções, […] mas não é fácil. É muito difícil você negociar com quem está mal costumado […] que é a elite desse país”, concluiu o ministro.

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