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Eleições no Reino Unido: como é e como ficará a divisão do Parlamento britânico, segundo a boca de urna

Segundo a pesquisa, os trabalhistas obtiveram 410 assentos no Parlamento britânico, contra 131 dos conservadores do atual primeiro-ministro, Rishi Sunak. Para ganhar a maioria, um partido ou coalizão precisa de 326 cadeiras — o Parlamento tem um total de 650 assentos. A imprensa britânica está tratando o resultado como uma “vitória de lavada” trabalhista.

Veja abaixo a composição do Parlamento, segundo a boca de urna

Das 650 cadeiras, a distribuição deve ficar assim:

  • Partido Trabalhista (centro-esquerda): aumenta de 205 para 410 assentos (205 a mais)
  • Partido Conservador (centro-direita): cai de 344 assentos para 131 (213 a menos)
  • Partido Liberal Democrata: aumenta de 15 para 61 (46 a mais)
  • Partido Reformista (extrema direita): aumenta de 1 para 13 (12 a mais)
  • Partido Nacional Escocês: cai de 43 para 10 (33 a menos)
  • Partido do País de Gales: sobe de 3 para 4 (1 a mais)
  • Partido Verde: sobe de 1 para 2 (1 a mais)
  • Outros: 19

Novo primeiro-ministro

Com o resultado, Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, deve se tornar o novo primeiro-ministro do Reino Unido — veja quem ele é. A campanha dos trabalhistas focou em uma única palavra: mudança.

As urnas fecharam às 18h (horário de Brasília). As pesquisas de boca de urna dão apenas um indicativo da apuração dos votos, ainda em andamento, mas o cenário já era esperado após pesquisas de intenção de voto indicarem vitória trabalhista com folga.

Rishi Sunak vota nas eleições gerais no Reino Unido em 4 de julho de 2024 — Foto: Temilade Adelaja/Reuters

Veja abaixo os números de cadeiras conquistados por cada partido, segundo a pesquisa da Ipsos/BBC News/ITV News/Sky News:

  • Partido Trabalhista – 410 (205 a mais que o atual)
  • Partido Conservador – 131 (213 a menos que o atual)
  • Partido Liberal Democrata – 61 (48 a mais que o atual)
  • Partido Reformista – 13 (12 a mais que o atual)
  • Partido Nacional Escocês (SNP) – 10 (45 a menos que o atual)
  • Partido do País de Gales (Plaid Cymru) – 4 (1 a mais que o atual)
  • Partido Verde – 2 (1 a mais que o atual)
  • Outros – 19 (sem mudança)

Os conservadores de centro-direita assumiram o poder durante a crise financeira global e venceram mais três eleições desde então. Mas esses anos foram marcados por uma economia lenta, serviços públicos em declínio e uma série de escândalos, tornando os “tories”, como são comumente conhecidos, alvos fáceis para críticos da esquerda e da direita.

Sunak pegou todos de surpresa ao convocar, em maio, as eleições de forma antecipada. A manobra visava aproveitar um bom resultado de um balanço financeiro divulgado à época, sob a premissa de que os números não melhorariam mais que isso. O cálculo, no entanto, não deu certo.

Os tories, como são conhecidos os conservadores, também perderam votos por outros temas. É previsto que o novo Partido Reformista “roube” votos da ala direita dos conservadores pelas críticas ao governo por não conseguir controlar a imigração, um tema sensível aos britânicos.

Eleições no Reino Unido: britânicos vão às urnas em votação que irá determinar primeiro-ministro

Eleições no Reino Unido: britânicos vão às urnas em votação que irá determinar primeiro-ministro

Veja abaixo o panorama sobre as eleições legislativas no Reino Unido e o que está em jogo:

Montagem mostra Rishi Sunak e Keir Starmer — Foto: AP

Como funciona a eleição?

O Reino Unido está dividido em 650 distritos eleitorais e há 650 membros na Câmara dos Comuns –o Parlamento britânico. Os eleitores de cada um destes distritos vão eleger um deputado para representar os moradores locais. A maioria dos candidatos representa um partido político, mas alguns são independentes. Não há primárias ou segundo turno, apenas uma única rodada de votação em 4 de julho.

A Grã-Bretanha usa um sistema de votação “first past the post”, o que significa que o candidato que terminar no topo em cada distrito será eleito, mesmo que não obtenha 50% dos votos. Isso geralmente cimentou o domínio dos dois maiores partidos, conservadores e trabalhistas, porque é difícil para partidos menores ganharem assentos a menos que tenham apoio concentrado em áreas específicas.

Como é escolhido o primeiro-ministro?

O partido que comandar a maioria na Câmara dos Comuns, sozinho ou com o apoio de outro partido, formará o próximo governo e seu líder será o primeiro-ministro. O líder do partido com o segundo maior número de parlamentares se torna o líder da oposição.

O rei Charles III tem um envolvimento formal nesse processo: ele pede ao líder do partido com mais parlamentares para assumir o posto de Chefe do Executivo e formar um governo.

Isso significa que os resultados determinarão a direção política do governo, que tem sido liderado pelos Conservadores de centro-direita nos últimos 14 anos. O Partido Trabalhista, de centro-esquerda, é amplamente visto como estando na posição mais forte.

Últimos primeiros-ministros do Reino Unido — Foto: Bruna Rocha Azevedo/g1

Quem está concorrendo?

O primeiro-ministro Rishi Sunak, um ex-chefe do Tesouro que é primeiro-ministro desde outubro de 2022, está liderando seu partido na eleição. Seu principal oponente é Keir Starmer, um ex-diretor de processos públicos na Inglaterra e líder do Partido Trabalhista desde abril de 2020.

Mas outros partidos, alguns dos quais têm forte apoio regional, podem ser cruciais para formar um governo de coalizão se ninguém ganhar a maioria absoluta.

O Partido Nacional Escocês, que faz campanha pela independência escocesa, os Liberal Democratas e o Partido Unionista Democrático, que busca manter os laços entre a Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte, são atualmente os três maiores partidos no Parlamento após os Conservadores e Trabalhistas. Muitos observadores sugerem que o novo Partido Reformista, liderado pelo ativista do Brexit Nigel Farage, pode desviar votos dos Conservadores.

Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista do Reino Unido, em fevereiro de 2024 — Foto: Kirsty Wigglesworth/Ap

Por que os conservadores estão sob pressão?

Os conservadores enfrentaram um desafio após o outro desde que assumiram o poder em 2010. Primeiro houve a repercussão da crise financeira global, que aumentou a dívida da Grã-Bretanha e fez com que os Tories impusessem anos de austeridade para equilibrar o orçamento. Depois lideraram a saída da Grã-Bretanha da União Europeia, enfrentaram um dos surtos de Covid-19 mais mortais da Europa Ocidental e viram a inflação disparar após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Independentemente das circunstâncias, muitos eleitores culpam os conservadores pela lista de problemas enfrentados pela Grã-Bretanha, desde derramamentos de esgoto e serviço de trem pouco confiável até a crise do custo de vida, crime e a chegada de migrantes cruzando o Canal da Mancha em botes infláveis.

Além disso, o partido foi manchado pelas repetidas falhas éticas dos ministros do governo, incluindo festas durante o lockdown em escritórios do governo. Os escândalos afastaram o ex-primeiro-ministro Boris Johnson do cargo e, finalmente, do Parlamento após ser descoberto que mentiu aos legisladores. Sua sucessora, Liz Truss, durou apenas 45 dias após suas políticas econômicas arruinarem a economia.

Rishi Sunak discursa na Downing Street, em Londres, no dia 22 de maio de 2024 — Foto: Toby Melville/Reuters

Quais são as grandes questões?

A economia: A Grã-Bretanha tem lutado com alta inflação e crescimento econômico lento, que se combinaram para fazer a maioria das pessoas se sentir mais pobre. Os conservadores conseguiram controlar a inflação, que desacelerou para 2% no ano até maio, após atingir o pico de 11,1% em outubro de 2022, mas o crescimento permanece lento, levantando questões sobre as políticas econômicas do governo.

Imigração: Milhares de requerentes de asilo e migrantes econômicos cruzaram o Canal da Mancha em botes infláveis frágeis nos últimos anos, desencadeando críticas de que o governo perdeu o controle das fronteiras da Grã-Bretanha. A política de assinatura dos Conservadores para parar os barcos é um plano para deportar alguns desses migrantes para Ruanda. Os críticos dizem que o plano viola o direito internacional, é desumano e não fará nada para impedir pessoas fugindo de guerras, conflitos e fome.

Saúde: O Serviço Nacional de Saúde da Grã-Bretanha, que fornece assistência médica gratuita a todos, é atormentado por longas listas de espera para tudo, desde cuidados dentários até tratamento contra o câncer. Os jornais estão cheios de histórias sobre pacientes gravemente doentes forçados a esperar horas por uma ambulância, e depois ainda mais tempo por um leito hospitalar.

O meio ambiente: Sunak retrocedeu em uma série de compromissos ambientais, adiando o prazo para acabar com a venda de veículos de passageiros movidos a gasolina e diesel e autorizando novas perfurações de petróleo no Mar do Norte. Os críticos dizem que estas são as políticas erradas num momento em que o mundo está tentando combater as mudanças climáticas.

Por que a eleição está sendo realizada agora?

Embora a maioria dos observadores pensasse que a votação aconteceria no outono, Sunak apostou em uma eleição de verão, esperando que boas notícias econômicas o ajudassem a convencer os eleitores de que as políticas conservadoras estavam começando a funcionar.

Os comentaristas estavam especulando sobre o momento da eleição há meses, porque o mandato parlamentar estava programado para terminar em meados de dezembro. Embora cada parlamento seja eleito por até cinco anos, o primeiro-ministro pode convocar uma eleição sempre que for mais vantajoso politicamente.

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