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Cortina Rasgada (1966) | Relembrando Clássicos

Cinema

Longa-metragem foi dirigido por Alfred Hitchcock

Matthew Vilela

Cortina Rasgada (1966) | Relembrando Clássicos

(Foto: Divulgação)

Alfred Hitchcock é um dos maiores diretores do cinema, e ainda continua um nome forte tanto na cultura pop atual como no quesito influência. E eu gosto do Hitchcock quando ele está envolvido com tramas de assassinato ou suspenses que lidam com o incomum, e trabalham situações corriqueiras colocando os personagens no limiar de uma tragédia. Seus melhores filmes como “Psicose”, “Os Pássaros”, “Disque M Para Matar” e “Janela Indiscreta” – para citar alguns – carregam tais características.

No entanto, existe um outro lado do Hitchcock que já não gosto tanto, e este lado é o lado de um diretor trabalhando no automático e sem muita vontade de pensar fora da caixa. Filmes como “Marnie”, “Ladrão de Casaca” e até “Trama Internacional” – que muitos amam mas que não me empolga -, Hithcock está fazendo o seu básico e, portanto, sem nada de muito instigante a entregar. Cada um desses filmes possui um mistério, mas em nenhum momento o mistério cresce e empolga, e o desenrolar vai se tornando cada vez mais óbvio e menos intrigante. Infelizmente, este “Cortina Rasgada” entra no grupo dos trabalhos menos imaginativos e envolventes do diretor.

Na trama, um cientista americano chamado Michael Amstrong (Paul Newman) vai para Copenhagen com a finalidade de participar de um congresso internacional de física, e junto ele leva sua noiva/assistente Sarah, interpretada por Julie Andrews. Lá, ela intercepta uma mensagem destinada a ele e descobre que Michael está desertando para Berlim Oriental, onde pretende conseguir fundos para seu projeto de criar uma arma que irá tornar obsoleto o uso de bombas nucleares.

Lançado durante os anos 60, o cinema ainda estava se curando das feridas deixadas pela Segunda Guerra Mundial e, portanto, histórias envolvendo a Alemanha e espiões era uma constante. O roteiro de Brian Moore, Willis Hall e Keith Waterhouse não consegue fugir do óbvio e tudo fica muito explícito logo nos instantes iniciais. E se a real função do personagem de Paul Newman era pra ser um mistério, o segredo não é tão bem guardado. Além de o texto colocar os personagens, sejam estes espiões ou alemães, fazendo coisas bestas que levam a consequências forçadas pelo roteiro (como, por exemplo, Newman esquecer de apagar do chão o símbolo PI usado para se identificar ou seu personagem ter levado sua noiva consigo em uma viagem onde ele claramente estava disfarçado e tinha outros planos, ou seja, tudo poderia ser evitado caso ele tivesse inventando algo e ido sozinho).

E destaco aqui a ótima atuação de Paul Newman, que constrói um personagem discreto e que fala muito de suas intenções, medos e inseguranças através do olhar.

Mas “Cortina Rasgada” possui alguns momentos eficientes como, por exemplo, a morte de um capanga alemão por Newman e uma dona de casa, onde eles colocam a cabeça do personagem dentro de um forno e ligam o gás para ele morrer sufucado; ou também a tensão presente na fuga final com Michael e Sarah tentando fugir da Alemanha Ocidental através de uma companhia de teatro. Estes são alguns momentos onde o filme entrega algum tipo de recompensa ao expectador, pois, infelizmente, a história está longe de ser uma das mais inspiradas e empolgantes da carreira de Hitchcock.

Torn Curtain/EUA – 1966

Dirigido por: Alfred Hitchcock

Com: Paul Newman, Julie Andrews, Lila Kedrova…

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