- Interior
- 14 de março de 2025
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Advogado de médico suspeito de acariciar adolescente diz que prisão é ‘punição antecipada’
“Punição antecipada.” Esta é a posição do advogado Roberto Serra da Silva Maia, que representa o médico Alfredo Carlos Dias…
“Punição antecipada.” Esta é a posição do advogado Roberto Serra da Silva Maia, que representa o médico Alfredo Carlos Dias Mattos Júnior, suspeito de acariciar uma adolescente durante um atendimento e preso nesta sexta-feira (14), em Goiânia.
Ele afirmou ao Mais Goiás que “a regressão cautelar de Alfredo Carlos Dias Mattos Junior ao regime fechado configura uma grave afronta aos princípios fundamentais do Direito Penal e da Execução Penal”. Para ele, a medida adotada “de forma precipitada e desproporcional” ignora a presunção de inocência e impõe uma “punição antecipada, sem que haja condenação definitiva pelo novo fato que lhe foi imputado”.
Roberto afirma que a defesa adotará todas as providências cabíveis para reverter essa decisão e seguirá atuando para garantir que Alfredo tenha seus direitos respeitados “e que essa injustiça seja revertida com a máxima urgência”.
Prisão
A Polícia Militar (PM) e a Polícia Civil (PCGO) agiram após a Justiça de Morrinhos decretar a prisão do médico. A informação foi divulgada pela TV Anhanguera e confirmada pelo Mais Goiás. “Em uma ação integrada entre PM e Central e Flagrantes, prendemos o médico que estava com mandado de prisão”, informou o delegado Humberto Teófilo. Conforme o policial, é possível existirem mais vítimas.
Em fevereiro, o médico, que já foi condenado pelo feminicídio da ex-mulher, foi denunciado por abuso sexual de uma adolescente em Goiás. O homem de 55 anos teria violentado uma paciente de 17 anos durante atendimento em 2023. À época, o Ministério Público de Goiás (MPGO) pediu a prisão do indivíduo, mas a Justiça determinou medidas cautelares contra o profissional.
Segundo a denúncia do MPGO, o médico teria se aproveitado de sua posição profissional para cometer o abuso durante um atendimento. A vítima, que procurou o profissional devido a dores no estômago, foi submetida a exames e, posteriormente, o médico alegou que ela possuía uma condição chamada “anteversão do útero”.
Sob o pretexto de realizar um procedimento para corrigir essa suposta condição, o médico teria instruído a paciente a retirar a roupa e a teria tocado em seus seios e na região íntima, alegando que estava reposicionando o útero. A mãe da adolescente, que acompanhava a consulta, percebeu o desconforto da filha e pediu que o cirurgião gástrico interrompesse o procedimento.
Após o ocorrido, a adolescente e sua mãe procuraram outro médico, que informou que o procedimento realizado pelo profissional anterior não tinha embasamento técnico. Diante disso, elas decidiram denunciar o caso ao MPGO.
Médico já possui condenação por feminicídio
O cirurgião gástrico já possui uma condenação por feminicídio, ocorrida no final dos anos 1990, quando ele matou sua ex-mulher, Magda Maria Braga de Mattos, em Nova Lima (MG). Na época, ele dopou a mãe da vítima com um suco e injetou álcool no soro da ex, que estava internada para tratar de dores abdominais. Segundo o processo, Alfredo não aceitava que Magda estivesse em outro relacionamento.
Posição do MP
Ao Mais Goiás, o MPGO explicou que o acusado em questão foi preso nesta sexta-feira em decorrência de uma decisão do Juízo de Execução Penal de Morrinhos, que acolheu pedido feito pelo órgão para regressão cautelar do regime de cumprimento da pena a ele aplicada como condenação pelo feminicídio de sua ex-mulher, ocorrido em Minas Gerais. Ele estava, atualmente, cumprindo a pena em regime aberto em Morrinhos.
“No pedido, o MP apontou o novo processo penal aberto contra ele por estupro de vulnerável de uma adolescente em Goiânia como justificativa para regressão do regime para o fechado. O pedido cautelar foi feito pela promotora de Justiça Camila Fernandes Mendonça, responsável pela denúncia no caso do estupro, tendo tido manifestação favorável do promotor Nelson Vilela Costa, de Morrinhos. A decisão de regressão foi da juíza Anelize Beber Rinaldin, de Morrinhos.”
Em relação à negativa de prisão do juízo em Goiânia, em fevereiro, o MPGO recorreu, sim, dessa decisão, mas esse recurso ainda não foi julgado.
Sobre a divulgação da imagem do suspeito, ela “foi realizada conforme a Lei nº 13.869/2019 e a Portaria nº 547/2021 da PCGO, mediante despacho da autoridade policial responsável, com o objetivo de identificar possíveis novas vítimas”.